Caminhar
De carro a paisagem foge, o leitor de cd's esgota-nos os sons, o condutor é mero serviçal e a velocidade na estrada adormece-nos a mente.
A pé a paisagem enche-nos, o silêncio deixa-nos ouvir os barulhos do nosso cérebro, a solidão alterna com a companhia ao ritmo de um passo mais acelerado ou menos, a velocidade do caminho engole-nos.
Não há melhor do que seguir andando, palmilhando uma terra que só se vê se assim for. E vê-se até ao fundo.
A pé a paisagem enche-nos, o silêncio deixa-nos ouvir os barulhos do nosso cérebro, a solidão alterna com a companhia ao ritmo de um passo mais acelerado ou menos, a velocidade do caminho engole-nos.
Não há melhor do que seguir andando, palmilhando uma terra que só se vê se assim for. E vê-se até ao fundo.
5 comentários:
Querida Jota, ao ler-te ocorreu-me que diria o contrário...: caminhar adormece-me a mente e olhar a paisagem no carro enche-me...
(agora reparo que o meu nome está pré-registado..., ai carai...)
Cara Raquel,
é de facto arriscado tentar resumir em 4 linhas as elementares diferenças entre andar de carro e andar a pé. O meu "adormecer" não se relaciona com "acalmar" mas sim com "anestesiar" ou "tornar apático"; como o meu "encher" que também não quer significar "saturar" ou "enfastiar" mas antes "preencher" ou "satisfazer".
Enfim, foram 4 breve linhas insuficientes para o assunto.
...Os leitores do teu blog que não levem a mal eu ter escrito «carai», enfim, para aqueles que compreenderão que é quase um palavrão... Na verdade tem a ver com mais uma história que nos animou o fim de semana.
Foi através do vidro de um carro que descobri as belas e desoladas altitudes transmontanas. Os discos que ouvíamos colaram-se-lhes, fundiram-se com a imagem que delas fiz. Caminhar é bem mais que um prazer. No deserto de urze, lilás e onírico, embalados pelas nossas vozes ou pelo ruído dos nossos passos, onde encontrar os limites da partilha, da comunicação, do aprofundamento, do isolamento, da solidão, da inexistência que resulta da fusão com a paisagem? O movimento é uma forma de imobilidade. E a imobilidade uma forma de nutrição, de enriquecimento. Apeteceu-me ser árvore, sentir o meu sangue espessar-se em seiva, ganhar raízes naquela terra...
(Jota, parabéns pelo nascimento do blog! Bons respigos, é o que te desejo. Os teus fiéis leitores agradecem.)
Através do vidro do carro? Oh, mas se ias tu a conduzir em que mãos então íamos nós, os outros ocupantes da viatura? Ainda para mais quando produzes um comentário com esta força e emoção!
Agradeço os votos de bons respigos e espero não desiludir os fiés!
(com comentários assim podias montar um "blog pessoal". Tu um, e a Raquel, outro ora pois!)
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