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27 março 2008

Expressão: Juno



Se, depois da invenção e difusão da fotografia, os artistas não se tivessem atrevido a ser melhor do que aquela máquina perfeita e ainda andassem a apurar-se com uma académica pintura realista, nunca tínhamos visto o Grito de Munch.
Se, perante o dramatismo com que se retrata a tragédia fatal de uma adolescente grávida, com os seus pais aos berros e aos choros, o namorado fugido de rabo entre as pernas, Diablo Cody* não se tivesse atrevido a ser mais expressionista que realista, não se tivesse atrevido a ter mais graça-piada que desgraça-lamechas, nunca podíamos ter visto este filme Juno.

Sem querer dizer mais, coisas daquelas que estragam a surpresa do filme, remato: vale a pena ver e rever!

* nas suas palavras é uma sheltered, suburban geek, working as a copy typist que um dia pensou God, this absolute sucks, I would rather be naked. E e daí a striper e blogger, e daí a publicar um livro, e daí a escrever o argumento para este Juno. (David Letterman entrevista Diablo Cody em 2006 e em 2008).

29 maio 2007

"Shortbus"

realizado por John Cameron Mitchell
2006

A ideia de um filme cheio-cheio de sexo e sexos a bailarem às claras, sem planos filmados de esguelha nem fades estratégicos ou violinos chorosos e que ainda por cima partilhe salas com os blockbuster é, apostaria, uma ideia muitos e de há muito.

É certo que a história de Shortbus tem algumas coisas de estilo convencional, e que já se viram melhor exploradas noutras situações do cinema que está na moda: tem histórias de personagens com vidas muito maradas e que teimam em cruzarem-se umas com as outras; tem gente americana deprimida e infeliz com a sua vida; tem as twin towers; tem a frustração de uma mulher que não pertence ao talgrupo e tem um grand finale com uma festa de cantoria folclórica. Mas estas vidas, esta gente, esta mulher, ou esta banda, que já andaram noutros lados, aqui despem-se de preconceitos e de roupas, sem despropósitos e sem escândalos.
Talvez Shortbus seja um princípio para que, no cinema, o sexo apareça com mais desígnio e deixe de se resumir às lamechices da treta que escondem pudores fora-do-prazo.

Este filme foi um belo remate para um dia onde coincidências acumuladas fizeram saltar a rolha de um espumante rosé.

(carregar na foto para ver onde se exibe este filme)

08 maio 2007

Mon Oncle

em exibição...
realizado por Jacques Tati
1958

É um filme quase mudo mas que fala pelos cotovelos!
Fala pelas imagens: a casa e o mobiliário “designados” dos Arpel e as linhas das novas estradas que circundam Paris, a casa e as escadas dos Sr. Hulot, as cores da vida deste antigo quarteirão de Paris; fala pela banda sonora de Franck Barcellini e Alain Romans que, por vezes, até entra pela acção a dentro; e fala pelo som dos movimentos dos personagens: os saltos altos no passeios, os vestidos na Madame Arpel, o repuxo, os engenhos mecânicos que dominam a cozinha dos Arpel, os assobios marotos dos miúdos e as cabeçadas nos poste, o rosnar do cão à cabeça do peixe-espada, o canto do canário encantado com a luz do reflexo…
É um filme cheio de filmes!

“Monsieur e Madame Arpel moram numa casa moderna num bairro asséptico. Neste universo de estilo não há lugar para divertimento, imprevistos ou humor e o filho, Gérard, aborrece-se. Mas eis que surge o seu tio, Monsieur Hulot, irmão da Madame Arpel, um personagem deslocado e inadaptado vindo de um caloroso e caseiro mundo em extinção para dar lugar a um universo confortável, high-tech, clean. Para grande divertimento do seu sobrinho, Hulot provoca a desordem na casa dos Arpel e semeia problemas na empresa Plastac.
O assunto? Monsieur e Madame Arpel têm tudo, alcançam tudo o que ambicionam e na sua propriedade tudo é novo: o jardim é novo, a casa é nova, os livros são novos. Penso que é preciso preveni-los, alguém devia sussurrar à orelha do Monsieur Arpel: atenção, um pouco de humor de vez em quando! O vosso filho só tem 9 anos e parece-me que não têm interesse em se divertirem nem em brincarem com ele. Parece uma mensagem mas não o é: acho que temos a liberdade de dizer a um senhor que esteja a construiu uma casa nova: atenção! Está talvez demasiado bem.”
Texto de Jaques Tati, traduzido do francês partir do sitio oficial Tati Ville

17 abril 2007

História Trágica com Final Feliz

animação de Regina Pessoa
2005

Com a voz da Manuela Azevedo, dos Clã, esta é uma curta metragem de Regina Pessoa, vencedora de prémios para todos os gostos. São serigrafias a mexer que contam a história de uma menina com coração de pássaro, um coração que batia tão alto que incomodava os ouvidos bairro. Não será uma história tão trágica, ter coração de pássaro não me parece má ideia. O final, sim, é feliz.
Sai como um brinde no pacote do Il Caimano, de Nani Moretti.