16 julho 2007

A solo

Margem do Rio Febras
São Salvador de Briteiros, Guimarães

Tantos dias em lugares outros que não os meus, só eu sem outro ou outros meus e sem ter assim estado vez alguma. Deve portanto ter sido natural (apesar de ter sido coisa que me bateu à porta sem avisar) aquele período do começo da viagem em que estranhei o ritmo e me senti a esborrachar para me moldar a este novo estilo de Estar. Dá luta aturarmo-nos e cansa termos de tomar conta de nós próprios a cada minuto do dia, sobretudo em lugares desconhecidos com os seus hábitos próprios que sempre se demoram a revelar. Mas com calma lá vamos. Depois de apanharmos a passada apoderamo-nos dos lugares de uma forma ímpar, com a força e a fragilidade de sermos só um. E com o passar do tempo ficamos com a consciência bem lembrada de que para além de só um, somos mesmo, e apenas, só mais um.
Prestes a encontrar-me com gente amiga (em Vila Real) assomou-se uma saudade de ver chegar ao fim esta condição solitária, mas entretanto confortei-me pensando que a próxima é: assim que eu quiser! – ou será que senti esta saudade apenas por saber que estavam ali à frente uns braços abertos para me receber?

À partida de Lisboa trazia na mochila a pergunta: Para que me estou eu a meter nisto? Lá para meio caminho, lembrei-me dela e fui ver se já estava acompanhada de uma resposta. Nem uma resposta, nem sequer a pergunta. Mas no seu lugar encontrei outra interrogação: Como podia eu não ter vindo?

Tecto de uma bela massa à camponês
Cervejaria Martins, Guimarães

2 comentários:

paulu disse...

Estou desconfiado que escreveste isso no livro de honra da Cervejaria Martins, em Guimarães, só para beberes umas cervejinhas à borliú!

Jota disse...

EU? Assinar o livro de honra da cervejaria Martins? Pois, pois.
Assim que lá entrei os gajos olharam para mim e perguntaram-me se eu era o frangaínho que eles iam depenar, cozer e desfiar para a canja do dia seguinte!