e São João e São Pedro
O Balão do João
Ribeira do Douro, Porto
Por coincidência, o Dentro do Mapa poisou no Porto a 23 de Junho e em Vila Real a 28. São as noites mais populares para cada uma destas cidades: São João e São Pedro.
À chegada ao Porto revelaram-se surpresas: não havia mais quartos no hotel onde eu tinha pensado ficar nem em dois hotéis próximos; a Avenida dos Aliados não é tão grande como se ouve na rádio ou se vê na Tê Vê; e a melhor de todas (para mim também a maior) é que estava calor e o céu azul, sem nuvens naquela cidade, carago! Depois disto seguiu-se, também com surpresa, a minha primeira vez na noite de São João.
Que outra coisa poderia estar na origem de uma festa do povo para além de uma reconhecida e sincera homenagem do homem camponês ao poderoso Sol? Claro, só as imposições da Igreja tentando disfarçar estas manifestações espontâneas e pagãs. Assim sendo, a cidade do Porto tem variadíssimas proles de representações de amor a São João. De amor divino: igrejas, capelas, altares, azulejos, retábulos, estátuas. De amor mundano: pontes, hospitais, teatros, hotéis, escolas de enfermagem, palácios. E de amor popular, com direito a festa em dia especial: alhos-porros, manjericos, erva-cidreira, cascatas joaninas, balões, fogueiras, fogo-de-artifício e martelinhos na cabeça!
À chegada ao Porto revelaram-se surpresas: não havia mais quartos no hotel onde eu tinha pensado ficar nem em dois hotéis próximos; a Avenida dos Aliados não é tão grande como se ouve na rádio ou se vê na Tê Vê; e a melhor de todas (para mim também a maior) é que estava calor e o céu azul, sem nuvens naquela cidade, carago! Depois disto seguiu-se, também com surpresa, a minha primeira vez na noite de São João.
Que outra coisa poderia estar na origem de uma festa do povo para além de uma reconhecida e sincera homenagem do homem camponês ao poderoso Sol? Claro, só as imposições da Igreja tentando disfarçar estas manifestações espontâneas e pagãs. Assim sendo, a cidade do Porto tem variadíssimas proles de representações de amor a São João. De amor divino: igrejas, capelas, altares, azulejos, retábulos, estátuas. De amor mundano: pontes, hospitais, teatros, hotéis, escolas de enfermagem, palácios. E de amor popular, com direito a festa em dia especial: alhos-porros, manjericos, erva-cidreira, cascatas joaninas, balões, fogueiras, fogo-de-artifício e martelinhos na cabeça!
Na Ribeira, enquanto se espera com um Q de religioso pelo lançamento do fogo de artíficio, todos se dispõem a apanhar com martelos ensurdecedores na tola ou alhos-porros na fronha (que cheirinho!). É uma folia carinhosa e com uma curiosa afinidade entre todos bem mais forte da qualquer-coisa que leva os alfacinhas para a rua na noite de Santo António. E, não desfazendo da companhia da Senhora Dona Humbelina (para quem Portugal podia mesmo era acabar logo ali em Rio Maior, lá para baixo já não há mais nada que não haja aqui - sim, eu já lhe tinha dito de onde vinha), aposto em como entre amigos esta noite será ainda mais mágica.
Em Vila Real os festejos são mais estranhos, começando pelo facto de terem lugar na noite de São Pedro apesar do santo padroeiro da cidade ser o Santo António, que deve ficar pior que estragado com as cerimónias que os Vila Realenses fazem em honra do seu adversário directo. (E agora ocorre-me: o que faz então com que haja uma Vila Real de Santo António em pleno Algarve, ainda para mais tendo a Nossa Senhora da Encarnação como santa padroeira??!!)
Durante uma semana, a principal avenida da cidade de Vila Real, a Carvalho Araújo, fica fechada ao trânsito automóvel e abre goela ao engarrafamento pedonal de vendedores, consumidores, mistos, neutros ou cães. É a Feira de São Pedro, em tempos conhecida pelos seus pucarinhos de barro preto de Bisalhães (objectos agora em vias de extinção, desentendendo-se os velhos artesãos com os muito modernos [des]governadores do município). Nos dias de hoje, de artesanato vê-se pouco, o que está mesmo a dar é a Feira da Cueca e é hora de comprar o dito artigo para todo o ano!
Em Vila Real os festejos são mais estranhos, começando pelo facto de terem lugar na noite de São Pedro apesar do santo padroeiro da cidade ser o Santo António, que deve ficar pior que estragado com as cerimónias que os Vila Realenses fazem em honra do seu adversário directo. (E agora ocorre-me: o que faz então com que haja uma Vila Real de Santo António em pleno Algarve, ainda para mais tendo a Nossa Senhora da Encarnação como santa padroeira??!!)
Durante uma semana, a principal avenida da cidade de Vila Real, a Carvalho Araújo, fica fechada ao trânsito automóvel e abre goela ao engarrafamento pedonal de vendedores, consumidores, mistos, neutros ou cães. É a Feira de São Pedro, em tempos conhecida pelos seus pucarinhos de barro preto de Bisalhães (objectos agora em vias de extinção, desentendendo-se os velhos artesãos com os muito modernos [des]governadores do município). Nos dias de hoje, de artesanato vê-se pouco, o que está mesmo a dar é a Feira da Cueca e é hora de comprar o dito artigo para todo o ano!
À meia-noite, na passagem para o 29, marcam-se os festejos com o chamado Arraial, ou seja: lança-se fogo de artifício, sem bailarico, sem comes nem bebes, mas ao som de qualquer coisa. E a noite passa-se teimando, entre os locais e os visitantes, sobre o significado da palavra Arraial. Em Roma sê como os Romanos!
O Arraial do Pedro
Vale do Corgo, Vila Real
Vale do Corgo, Vila Real
4 comentários:
Então e com é o jogo da panelinha a jogar com os pucarinhos?
As normas de jogo estão publicadas e certificadas? É modalidade olímpica? É jogo de interior ou actividade ao ar livre? Leva árbitro e fiscais de linha?
É que a feirante Ermelinda Monteiro (link vias de extinção)não explica como se joga ... e "fazer panelinha" eu sei o que é, "ter um tacho" também já ouvi falar, mas o jogo da panelinha? E uma pesquisa rápida na net só me deu umas fotos com um Nodi cabeçudo em fundo http://www.queiriga.com.pt/images/Carnaval07/Panelinha/index.html
Peço por favor que me esclareçam. Ah e já agora se têm equipa médica em permanência, para as suturas do couro cabeludo?
Estreei-me no São João o ano passado, e guardo imagens inesquecíveis dessa noite. Saí do trabalho pelas sete da tarde, de Lisboa, e cheguei à Ribeira uns minutos antes da meia-noite, mesmo a tempo do começo do fogo-de-artifício. Pelo caminho, a imagem de uma cidade fantástica, coberta por esferas de luz, durante a travessia da ponte do Freixo (e como demorei um certo tempo a processar o verso "...dá cá um balão..." aquela imagem revestiu-se de contornos de uma profunda irrealidade). Não esquecerei o movimento orientado da multidão em direcção à Foz, não esquecerei também todas as barreiras que vi serem quebradas a pretexto de uma martelada. O São João é um encanto, viva o São João!
Ilunga: o jogo da panelinha não tem que ver com lenhos no couro cabeludo. É bem simples: um molho de broncos atiram ao ar, entre si, uma panelinha de barro e o mais bronco que a deixar cair perde! Ou ganha? (ganha o título do mais bronco!)
Goncas: também me impressionou o poder destas marteladas. Como podem elas ser simpáticas, ou atrevidas, ou tímidas, ou até descabidas em estilo próprio de uma família de turistas-tingalingas, vinda da Tailândia!
Também gostei muito de passar o São João no Porto há 3 anos. Comi umas sardinhas mesmo ao pé da ponte (de São Luís?) onde se dá o despique de fogos de artifício. Foi um serão um pouco louco mas bem passado. Mas não acho que o Santo António fique muito atrás! Só um bocadinho.
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