02 agosto 2007

Poema ao banco

Outro Domingo Balnear
Praia de São Pedro de Moel, Marinha Grande

Bancos há muitos, para todos os gostos, e nem sempre são daqueles que fazem publicidade lastimável para as suas ofertas de negócio não menos nocivas.

Na pequena São Pedro de Moel, que vive de Verão a euforia tosca que hibernou durante todo o Inverno, não há nenhuma agência bancária!
Foi por isso uma surpresa encontrar este banco onde nem o turístico Verão, nem a depressão do Inverno conseguiram chegar. O banco tem a cara pintada mas pela maneira como está polida aresta do seu assento dir-se-ia que é quase tão velho como o mar que mira ou vá lá como a árvore que o sombreia.
Sobre o banco, pendurado na copa da árvore, um artista apaixonado e inspirado (talvez o senhor à sombra) pintou numa tábua as rimas que aqui transcrevo, não vá a dar-vos a preguiça ou venha a hipermetropia dizer que não se lê nada pá!:

Ó banco do descanso/Ó banco do reformado/Aqui se fala o presente/Aqui se fala o passado
Ó banco bem colocado/Debaixo desta ramagem/Senta-te e mira bem/Esta bonita paisagemÓ banco de azul pintado/Que queres tu imitar/Não há pincel que consiga/Dar-te o tom do azul do mar
Ó banco se tu falasses/Tinhas muito que dizer/Se alguém te perguntar/Nunca queiras responder

Soube também que a única caixa de Multibanco de São Pedro foi de férias, aproveitando, pelo menos, este mês de Julho. Deixou um papel riscado a esferográfica a dizer Fora de Serviço e foi ver o pôr-do-sol. Fez ela muito bem!


6 comentários:

Anónimo disse...

É verdade... estes bancos, bem ao contrário dos outros, são um belo, útil, poético,... equipamento urbano?! (é este o termo técnico, Jota?).

Quando fui à capital do nevoeiro, lembro-me de ver uns bancos de madeira com, nada de inscrições a baixo relevo feitas a canivete, mas umas chapinhas com nomes de pessoas... Nunca desvendei o mistério.

Mas diz-me lá uma coisa, Jota... Esta ideia tão original de falar dos bancos de jardim surgiu com o texto na árvore ou foi mesmo por associação de palavras?

OK, não são todos de jardim, mas, enfim, assim fica... pueril como um querubim!

'bora Pedro, a deixa é esta: trata lá agora de chamar a Jota de pinguim... e outras coisas afim !

:P

RPL disse...

No Reino Unido da Grã Bretanha e Irlanda do Norte - para ser exaustivo - existe o feliz costume de familiares e amigos de pessoas já falecidas doarem para ruas, parques, jardins, bancos de madeira com uma plaquita e um pequeno texto in memoriam. Será isso que está a acontecer em Aveiro?

Quanto ao delírio vespertino de ontem ... que oportunidade perdida para referir a ... Ota!

Anónimo disse...

Aveiro?! Ainda se fosse Viana, pá...

Bom, mas para não baralhar mais a conversa, esclareço que me referia a Londres. Obrigada por desvendares o «enigma», Pedro. Imaginava-o mais feliz ainda, isto é, menos sinistro...

Pois, Ota... Será sinal de que o assunto arrefeceu?

RPL disse...

lol A dislexia comanda! Li Aveiro em nevoeiro! Desculpa lá estragar o enigma...

E o que é que arrefeceu, a Ota, o devaneio, ou o na minha casa ou na tua?

Anónimo disse...

bom, o que sei ao certo é que na minha casa ainda não arrefeceu...

:P

paulu disse...

� banco se tu falasses/Tinhas muito que dizer/Se algu�m te perguntar/Nunca queiras responder

�?

Est� explicada ent�o a mania que os bancos t�m, ora de se agarrar ao sigilo banc�rio, nem que seja para encobrir as maiores patifarias, ora para n�o esclarecerem convenientemente os seus clientes em rela�o ao isto e aquilo dos produtos e servi�os que n�o prestam.

(Eu sei que este coment�rio � foleiro e muito pouco de acordo com o tom geral do post mas... ora deixa c� inventar uma desculpa... hoje � s�bado e apanhei obras na A5 e tive de pagar portagem na mesma.

Uf! Estava a ver que n�o inventava uma desculpa convincente!)